Agência oficial do evento
|
Simpósios Temáticos |
Voltar |
Título: Mundos do Trabalho: as fronteiras entre as diferentes formas de coerção e os diversos caminhos da liberdade |
Proponentes: Beatriz Ana Loner (Universidade Federal de Pelotas), Maria Cecília Velasco e Cruz (Universidade Federal da Bahia) |
Descrição: A historiografia do Trabalho brasileira é hoje objeto de questionamentos múltiplos. No centro das questões um problema instigante – a necessidade de se romper com uma narrativa hegemônica sobre o processo de transformação dos trabalhadores no Brasil, que vê não só a passagem, de escravos a livres, mas enfatiza, principalmente, a substituição de africanos e brasileiros negros e mestiços, por europeus. Esta é uma das questões que este simpósio temático busca aprofundar. Tem, por conseguinte, o objetivo de reunir pesquisas que versem sobre a formação do operariado, em sociedades que viveram o processo de transição do trabalho sob coação direta para formas predominantes de trabalho livre e assalariado.
Se trata, pois, de um simpósio temático que problematiza as especificidades da condição dos agentes do trabalho, na passagem do século XIX para o século XX, as complexas relações e mútuas influências existentes entre os senhores, intermediários, empregadores diretos ou indiretos e os trabalhadores livres e não-livres, bem como o impacto dessas relações multifacetadas sobre o processo de formação da classe operária propriamente dita, isto é, assalariada e livre. Há muito que apreender sobre as relações entre os trabalhadores escravizados e os livres no século XIX, bem como sobre as experiências e vivências trazidas pelos ex-escravos ao universo do trabalho livre e sua organização após 1888.
Por outro lado, é importante marcar que a discussão da coerção associada ao trabalho não se limita temporalmente até o ano de 1888, nem se restringe geograficamente ao território brasileiro, não só porque há relações de trabalho coercitivas que não implicam a propriedade do trabalhador direto em períodos anteriores e posteriores àquela data, fato, por sinal, que ainda tem uma terrível atualidade no Brasil dos nossos dias, mas também porque os trabalhadores dos demais países americanos conheceram igualmente formas variadas de trabalho coercitivo, todas elas passíveis de nos revelar traços ainda escondidos das relações de exploração humanas. Ademais, embora a escravidão tenha terminado no Uruguai e na Argentina muito mais cedo do que no Brasil, havia o ônus da convivência com o vizinho escravista, o que, por sua vez deixava marcas nas relações diplomáticas, policiais, e na vida das populações fronteiriças. Portanto, é também objetivo deste simpósio discutir os espaços de convergência entre a experiência do trabalho livre e daquele submetido a relações de coerção extra-econômica, bem como ampliar nosso olhar, acolhendo pesquisas e trabalhos sobre outros países da América, dentro dessa temática.
Nesse sentido, convidamos a todos que se preocupam com essas questões substantivas e teóricas, daqui e de além fronteiras, a virem discutir conosco neste simpósio, promovido pelo GT Mundos do Trabalho. |
|
|
|