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Título:
O estatuto do cinema e da televisão na pesquisa histórica: documento, memória, representação e interdisciplinaridade

Proponentes:
Eduardo Victorio Morettin (Universidade de São Paulo)

Descrição:
O objetivo do Seminário Temático é o de examinar o lugar ocupado hoje pelos meios audiovisuais (cinema e televisão) dentro da pesquisa histórica a partir de quatro eixos: o seu estatuto como documento; o papel desempenhado por estes meios na construção de uma memória histórica; as diversas formas de representação do passado por eles empreendida; as interfaces com outros campos da ciências humanas e das artes.
No que diz respeito ao seu estatuto documental, trata-se de avaliar a incorporação do cinema e da televisão ao fazer histórico. De “prova documental” à “contra-análise da sociedade”, o audiovisual é trabalhado pelo historiador dentro de um amplo leque no qual o enfrentamento do específico imagético por meio da análise fílmica nem sempre é levado a cabo. Não é o caso, portanto, de restringir os valores expressos pelo cinema e televisão de uma época apenas à compreensão dos Temas representados mas, de modo mais decisivo, pela forma como foram concebidos os registros e sua organização em imagem, seja na relação com o fato público, seja com a vida privada. Portanto, o exame das relações entre cinema, televisão e história vai além da averiguação se o filme foi “fiel” ou não ao passado encenado.
Em relação à memória construída pelos produtos audiovisuais, uma dimensão reside na própria encenação do passado pelas obras e na sua recepção pelo público. Contribuindo para ampliar as fronteiras de circulação do saber histórico, o cinema e a televisão se incorporam a um circuito de produção e perpetuação da memória, antes cristalizados nos museus e monumentos destinados à visitação pública. Neste sentido, são lugares de memória, a “machine mémorielle” dos séculos XX e XXI. Deve-se considerar também neste tópico o papel desempenhado pela crítica de época na elaboração de uma determinada leitura estética e política a propósito das obras e do papel desempenhado pelos agentes históricos envolvidos em sua produção. Cabe neste quesito ainda o exame do papel desempenhado pelos acervos audiovisuais na preservação de uma memória.
Deve-se destacar a inserção dos produtos audiovisuais no jogo político de uma sociedade. Por um lado, isto pode ser percebido na formulação de políticas culturais pelo Estado nas quais o cinema tem lugar de destaque. Fator de propaganda que em certos contextos procurava legitimar simbolicamente o autoritarismo vigente nas relações políticas e sociais, como é o caso, entre outros, dos cinejornais do Departamento de Imprensa e Propaganda ou dos filmes produzidos pelo Terceiro Reich.
Pensar o audiovisual como documento de discussão de uma época e seu estatuto como objeto da cultura nos leva à reflexão de seus produtos como área de expressão artística. Para tanto, faz-se necessário o diálogo com procedimentos de análise derivados de outros campos, como, principalmente, a literatura, as artes plásticas e a psicanálise.
O presente seminário é dedicado, portanto, ao exame das relações entre audiovisual e história. O conjunto de trabalhos selecionados terá por objetivo contribuir para a consolidação teórica de uma área de pesquisa já incorporada nas atividades exercidas em sala de aula e nos diversos meandros do labor acadêmico.

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