Agência oficial do evento
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Simpósios Temáticos |
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Título: Marxismo e multidisciplinaridade: o desafio da totalidade. Ciência, trabalho, cultura e poder |
Proponentes: Eurelino Teixeira Coelho Neto (Universidade Estadual de Feira de Santana), Virgínia Maria Gomes de Matos Fontes (Universidade Federal Fluminense) |
Descrição: Em julho de 2005, durante o Simpósio Nacional de História em Londrina, foi organizado um bem sucedido simpósio temático que se dedicou ao tema da determinação. No ano seguinte, nas reuniões científicas convocadas pelas ANPUH Regionais de Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul, historiadores que haviam participado daquele primeiro momento organizaram espaços similares de debate. O que se pretende agora é dar continuidade a esta dinâmica de discussões articulando, como nos momentos anteriores, temáticas e períodos diversificados, cobertos por abordagens transversais com relação a diferentes áreas do conhecimento e conectando pesquisas distintas a partir de um eixo teórico comum.
A partir do tema geral do Simpósio Nacional, propomos a discussão da multidisciplinaridade como experiência de problematização e abordagem da totalidade. Transgredindo fronteiras epistemológicas tradicionais, o método dialético permite pôr em questão a inscrição limitada dos objetos do conhecimento, pensando-os sempre no contexto de uma totalidade complexa e rica de contradições. Ao mesmo tempo, interroga a historicidade da própria produção do conhecimento. Totalidade não é pensada como o inventário completo de eventos, mas como identificação de relações sociais que configuram tanto o conjunto do espaço social quanto a própria produção de subjetividades: as relações de exploração e de extração de sobretrabalho. Nesse sentido, as lutas de classe são plenamente compreendidas como movimento fundamental do processo histórico, no passado e no presente. Para o marxismo, portanto, a totalidade é uma categoria central não apenas porque permite a explicitação das relações sociais fundamentais, mas por atribuir pleno sentido aos recortes temáticos ou temporais (expostos à luz das relações nas quais se constituem) e, finalmente, por atravessar as diferentes abordagens (disciplinas) incorporando-as e tensionando-as.
O tema da totalidade é o que conecta as diversas apresentações para as quais sugerimos os eixos da ciência, trabalho, cultura e poder. Cada um destes quatro eixos aponta para desdobramentos possíveis: 1) no terreno da própria produção do conhecimento em suas vertentes teórica e/ou prática – conflitos, convergências, divergências entre as diversas áreas do conhecimento social, processo e lutas sociais na consolidação do conhecimento (instituições, práticas, sujeitos); 2) modalidades culturais, formas ideológicas de apreensão e representação do mundo social, assim como as formas de dominação culturais e as contradições que expressam lutas neste terreno; 3) a construção/autoconstrução dos sujeitos sociais a partir do mundo do trabalho, suas transformações históricas, impasses e desafios contemporâneos 4) formas de inscrição e representação política dos conflitos sociais nos âmbitos da sociedade política e da sociedade civil, em sentido gramsciano.
Desde esta perspectiva é possível eleger uma vasta gama de objetos de estudo ligados aos mundos do trabalho (como movimento sindical ou culturas e experiências operárias), da ciência e da cultura (intelectuais, instituições culturais e indústria cultural, arte, literatura) ou da política (movimentos sociais, organizações partidárias, Estado). As abordagens desenvolvidas, conquanto preservem singularidades quanto aos objetos, períodos e quanto às especificidades de cada investigação, que podem se manifestar como análises distintas ou divergentes, compartilham um mesmo campo de questões que procuram pensar as possibilidades de abordar o problema da totalidade a partir de uma perspectiva multidisciplinar. O seminário se interessa também pelos aspectos referentes às dimensões teórico-metodológicas do trabalho do historiador e pela discussão crítica das concepções de História, sempre segundo a mesma perspectiva totalizante e dialética. |
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