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Simpósios Temáticos |
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Título: Enfoques multidisciplinares sobre normatização das condutas (séculos V-XVI) |
Proponentes: Marcelo Cândido da Silva (Universidade de São Paulo), Néri de Barros Almeida (Universidade Estadual de Campinas) |
Descrição: Nos últimos quinze anos, a euforia da renovação historiográfica que marcou boa parte da segunda metade do século XX, deu lugar a um ambiente de reflexão mais sóbria sobre os domínios, os imperativosos e métodos da história. Um dos terrenos atingidos por esta auto-reflexão foi o da proposta de trabalho interdisciplinar. A despeito de todo o vigor que somou à investigaçào historiográfica, os resultados da interdisciplinaridade foram menores do que faziam pressupor seus entusiastas. Assim, se a inspiração e a sensibilização a objetos e perspectivas que nos escapavam passaram a se tornar evidentes no trato com outras disciplinas, as conquistas não foram muito longe no que diz respeito à produção de um lugar comum de diálogo e criação científica. Dessa forma, nosso seminário pretende adotar integralmente a proposta implícita na temática do Simpósio Nacional deste ano, valorizando os limites mais claros nas relações entre as disciplinas propostos pelo termo “multidisciplinaridade”. Ou seja, pretendemos fugir do procedimento que se realiza nos empréstimos rápidos e pontuais de outras disciplinas, mas continuar valorizando a discussão a respeito das efetivas possibilidades de colaboração entre estas e a história.
A história da justiça foi durante muito tempo associada a uma percepção “positivista” da História, onde somente teriam lugar instituições políticas e ideais completamente dissociados das relações sociais. Entretanto, a renovação historiográfica em curso fez com que a história daquilo que convencionamos chamar de Idade Média pudesse ser reavaliada à luz do elemento jurídico. Os estudos sobre a justiça medieval têm conseguido superar as fronteiras do campo das instituições e dos ideais de ordenamento social. Através da compreensão de que os ideais normativos estão estreitamente relacionados às praticas sociais, a história da justiça medieval tornou-se, em larga medida, uma história social. Os domínios deste tipo de estudo exigem hoje o recurso a disciplinas como o direito e a história do direito, a antropologia jurídica, a filosofia do direito, a linguística e a psicologia, mas numa perspectiva em que cada vez mais se procura evitar a evanescência do objeto. A terminologia jurídica enquanto contituída por uma tradição conceitualmente mais cerrada do que aquela encontrada em outros gêneros documentais favorece um quadro conceitual mais estável capaz de evidenciar o debate de idéias e interpretações entre os teóricos e suas propostas para a sociedade. Uma vez que para a Idade Média, teóricos e e pastores confundem-se ou encontram-se associados muito de perto, a constituição dos foros, interno e externo, canônico e civil, corresponde à própria constituição política e social.
Nosso seminário pretende discutir tais encontros multidisciplinares e os métodos decorrentes ou oportunos a tais aproximações a partir de propostas de trabalho vinculadas à documentação jurídica (civil ou canônica), à documentação normativa que escapa às intâncias reconhecidas tradicionalmente como institucionais e aos temas em geral relativos à normatização da sociedade, em sua expressão local e geral, “nacional” e universal, entre os séculos V e XVI.
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