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Simpósios Temáticos |
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Título: Gênero, Memória e Ditadura na América Latina |
Proponentes: Ana Maria Colling (UNIJUÍ/ UNILASALLE), Cristina Scheibe Wolff (Universidade Federal de Santa Catarina) |
Descrição: Nas décadas de 1960, 1970 e 1980 a América Latina viveu ditaduras de cunho militar,
inspiradas pela ideologia da "Segurança Nacional" e mantidas por práticas da guerra
fria como o medo ao comunismo. Ao mesmo tempo, grupos da chamada "Nova Esquerda",
que evocavam a Revolução Cubana, a Guerra do Vietnã e outras experiências
revolucionárias, resistiam às ditaduras organizando-se em partidos clandestinos e
realizando ações armadas. Ao mesmo tempo que se contrapunham aos governos golpistas
realizavam a propaganda revolucionária e preparavam de formas diversas ações
políticas que esperavam a um só tempo resistir às ditaduras e instaurar novos rumos
políticos, econômicos e sociais em seus países. Perseguidos, presos, torturados,
exilados, mulheres e homens destas organizações protagonizaram novas propostas
políticas e tornaram-se referências muito importantes na reconstrução democrática
destes países ao longo das décadas de 1980 e 1990, principalmente.
Estes também foram tempos de revolução sexual, rock and roll, contra-cultura, os
chamados "anos rebeldes", que instituíram mudanças fundamentais nas relações de
gênero, geração e na cultura dessas sociedades. A pílula anticoncepcional, invenção
que revolucionou a relação entre os dois sexos, também é criação deste período.
A proposta deste Simpósio Temático é reunir pesquisas e trabalhos que tematizem as
relações de gênero, a participação de mulheres e homens, as feminilidades e
masculinidades constituídas nos processos, eventos e na construção da memória
relativa a este período vivenciado pelos países da América Latina sob ditaduras
militares.
Ao pensar as questões relativas ao gênero e à participação política de uma mirada
mais ampla do que as histórias nacionais, estamos tentando acumular e trocar
informações e reflexões sobre como se deram estes processos de resistências, apoios,
constituição de sujeitos políticos, adesões, repressão e construção de memórias nos
vários países, separadamente, mas também nas trocas de diversas formas que ocorreram
entre os países latino-americanos, semelhanças e diferenças entre eles, visando a
construção de uma historiografia voltada para esta perspectiva de aproximação na
América Latina.
As relações de gênero dentro das organizações clandestinas ocorreram da mesma
maneira nos países da América Latina? A desqualificação do feminino pelos militares
que não cansam de repetir que as mulheres estão em um lugar que não é o seu - o
mundo público e político, dá-se também nos diversos países da América Latina? A
centralidade do corpo, como poder e como ameaça, é recorrente em todos os países
que sofreram ditaduras? Como as famílias encararam a participação política de seus
filhos e filhas em grupos revolucionários de oposição à ditaduras militares? O
movimento feminista teve influência decisiva junto aos homens e mulheres militantes
dos partidos clandestinos da América Latina? Como os militantes das organizações
armadas de oposição às ditaduras militares encaravam a participação das mulheres em
seus partidos? Estas são algumas propostas de questões para uma análise comparativa
sobre a participação de homens e mulheres e as relações de gênero no período das
ditaduras militares na América Latina. |
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