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Mini-cursos |
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Título: Em nome da nação:a ação dos intelectuais no Brasil (1930-1985) |
Proponentes: Tatyana de Amaral Maia (UERJ) |
Descrição: A atuação dos intelectuais, a partir de 1930, no aparato burocrático ou nos círculos de debates sobre as “questões nacionais” tornou esses atores personagens relevantes na construção de projetos para o Brasil. A participação desses homens nos diversos setores da política brasileira foi marcada por disputas entre modelos de organização e funcionamento do Estado e desenvolvimento da nação.
A crescente intervenção estatal nas diversas esferas sociais, durante o governo Vargas (1930-1945), com a criação de ministérios e institutos, promoveu o recrutamento de pessoal qualificado para exercício de cargos públicos, até então, inexistentes. Os novos espaços de poder possibilitaram a incorporação de intelectuais, especialistas e técnicos no interior do aparelho estatal.
As "chagas nacionais", ou seja, educação e cultura tiveram lugar preponderante nos escritos desses homens; provocaram indignações, protestos, manifestos, debates intermináveis, preencheram centenas de páginas dos grandes periódicos, foram transformadas em disputas políticas, ou melhor, sinônimo de força política. Assim, controlar o aparelho educacional e cultural e orientar suas políticas públicas significavam implementar uma certa direção aos rumos do país. Dentro dessa perspectiva, acreditava-se que as reformas executadas pelo Estado transformariam a sociedade, garantindo ao país acesso à modernidade.
O objetivo deste mini-curso é investigar a ação dos intelectuais no aparelho estatal, entre 1930 e 1985, especialmente, em instituições dedicadas à educação e à cultura, onde a presença dessas personagens foi marcada por disputas em torno de idéias-força como memória nacional, identidade nacional e cultura nacional. Busca-se compreender, através da análise historiográfica, como os grupos intelectuais que ingressaram ou se opuseram ao Estado apoiavam ou denunciavam os regimes vigentes sob o título de representantes do “povo” e da nação.
A participação de grupos intelectuais integrados à Academia Brasileira de Letras, ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, ao Movimento da Escola Nova, ao Centro Dom Vital, entre outros, atestam o interesse desses grupos na definição dos rumos do país, especialmente, na formação dos símbolos e elementos que o representassem. A idéia da educação e da cultura como chaves de mudança, como o centro nervoso de toda sociedade, capazes de identificar o atraso ou a modernização do corpo social, de manterem ou subverterem a ordem despertou em nossos intelectuais uma responsabilidade e uma missão, consideradas, adormecidas: organizar o país e desenvolver a nação.
Programa:
17/07 – A historiografia brasileira em debate:
ü Sérgio Miceli – a origem social dos intelectuais e as estratégias utilizadas na manutenção ou inserção nas esferas de poder; a idéia d Estado como agente de cooptação.
ü Daniel Pécaut – a análise dos caminhos ideológicos como modelo explicativo para as intervenções intelectuais;
ü Ângela de Castro Gomes – o intelectual como agente político: as redes de sociabilidade e os “micro-climas” como mecanismos indispensáveis nas relações estabelecidas entre o Estado e os intelectuais;
18/07 – A Era Vargas e os intelectuais:
ü O Movimento da Escola Nova: uma relação de proximidade e confronto;
ü Capanema e seu Ministério: o papel da educação e a participação da Igreja Católica;
ü As políticas culturais em debate: a Revista Cultura Política;
ü A memória nacional: o papel do nacionalismo estatal;
19/07 – o período democrático (1945-1964)
ü Os “pioneiros” retornam ao Estado: Anísio Teixeira e o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais;
ü A imprensa como espaço político: os debates entre os católicos e o CBPE em torno da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1961);
ü A tarefa pedagógica e revolucionária da cultura: O Centro Popular de Cultura (1962)
20/07 – As políticas culturais na ditadura civil-militar (1964-1985):
ü Os intelectuais da Academia Brasileira de Letras e do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro: a criação do Conselho Federal de Cultura;
ü As políticas culturais como expressão da memória nacional: a valorização do passado como anunciadora de um futuro glorioso;
ü Manifestações folclóricas e literatura: os dois pilares da cultura nacional;
ü O “otimismo ultraconservador”: a cultura como política de Estado;
ü Democratizando e oficializando a cultura: a criação de instituições como a Funarte, a Embrafilmes, o CFC etc;
ü A cultura marginal da década de 1970: As manifestações marginais como alternativa à produção cultural oficial e comercial.
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